domingo, 16 de maio de 2010

POESIA EM MOVIMENTO


Que coisa mais linda é a poesia. Que delícia fazer amor com as palavras. Que delícia traduzir-se nas letras aparentemente "cacos inconexos". Que fazer com essa forma de expressão a não ser vibrar, viajar, se encantar... É deveras ambicioso dizer-se em palavras. Fazer-se compreender entre rimas e métrica perfeita; entre estrofes e versos incontestes.

Poesia, palavras em amplo e total movimento. Movimento que se amplia a cada exposição do sentimento dos autores. Palavras que não se medem, se espalham, se ampliam. Palavras que dizem dos meus, dos teus, dos nossos amores, dores, encantos e desencantos.

Poesia que acalma a mente, descreve o coração, explica a solidão, nos aquece de emoção. Brincadeira com a simples intenção de encantar nossos ouvidos e dar sentido afetivo às palavras. É o jogo de palavras que narra histórias, é a emoção nas palavras, é a palavra ritmada, é palavra que toca a alma, é a palavra na forma livre, importando apenas o sentido.

Hoje vi um show de poesia: PAPEL NO VARAL. Uma brincadeira séria de viver essa delícia de conversar com os poetas; de mergulhar nas suas falas, de sentir plena magia, de saber dos meus amigos, de compartilhar com novos conhecidos a arte de autores de vários cantos e a música de muitos encantos. Dizer, sentir, ouvir e se arrepiar de ver se dizer coisa comum transcendendo ao mundo fático.

Muitos autores, muitas formas de falar, muita magia no ar. Salve a poesia, salve essa maravilhosa ideia de expressar a linguagem da alma. A ideia de Ricardo Cabús é fantástica. Arrefece nosso coração, nos traz de volta a magia. E tome poesia!!!

Quero Colo


Quero um colo que me receba na sua simplicidade .
Que me acolha a alma .

Que me segure e me proteja.

Quero um colo que me deixe à vontade e não me prenda.

Que receba minha carência

Que eu possa ficar um pouco feito menina.

Quero um colo que me inspire força e alegria.

Que alimente minha coragem de lutar.

Quero um colo de alguém que me chame, que me envolva.

Que me acalme a dor de ser, de viver.

Que me proponha novas escolhas,

Que não me faça chorar, mas me deixe chorar.

Que não me fale nada, mas me deixe falar.

Que me escute com ouvidos plenos e encaixes perfeitos.

Que esteja ali junto de mim, sem pressa,
e, que me tenha... se precisar.

Sílvia Teixeira
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Quando te encontrar

Quando te encontrar

Talvez te abrace e te beije.

Talvez te olhe provocantemente e sorria.

Talvez pule nos teus braços e te deixe embaraçado.

Talvez te diga “oi como vai?”, “que bom te ver”...

Talvez não diga nada.

Talvez apenas te olhe e te deixe ir

E simplesmente, manifeste minha saudade.

Sílvia Teixeira

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Motivo
Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei.
Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto.
E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.

Cecília Meireles

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