quinta-feira, 3 de maio de 2012

POR UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE



Diferente sim e porque não? Questionamos-nos todo o tempo na busca de iguais. Na tentativa de encontrar sujeitos que pensem semelhantes a nós; que sejam do jeito que queremos. Buscamos o igual, mas na realidade somos diferentes.

Queremos tanto o igual, que não nos permitimos ver que somos DIFERENTES. E o que realmente nos atrai é o diferente que o outro tem. É o que eu não tenho que está no outro e me completa. Mas ao mesmo tempo em que temos essa realidade, nos apavoramos com a confirmação dessa diferença.


Somos negros/ brancos, fortes/ fracos, alegres/ tristes, pequenos/grandes, feios/bonitos, somos misturas de raças, híbridos de culturas mil. Sim, híbridos. Nossas línguas denunciam o quanto somos diferentes e não há fato maior que indique isso que não nós mesmos. E é o que nos identifica. Cada diferença é o que nos diz quem somos. É o que nos aponta ao outro para nos mostrar aquilo que nos é único, singular.


Seres únicos amplamente estudados por diversos cientistas, estudiosos, tentando classificar, nominar, construir um conhecimento que nos identifique uns perante aos outros sem dor, sem sofrimento, sem custas. Por que o que nos faz singular, diferente, também nos segrega, castiga, distancia. Mas pode nos unir, defender, agregar.


“Identidade é uma palavra difícil de definir, traz em seu sentido a marca do caráter complexo das coisas que discute uma vez que pode significar tanto a qualidade do idêntico e do comum, como o conjunto de caráter próprios e exclusivos.. “ (Camila Rodrigues) fazemos uma construção simbólica, que supõe vivamente a junção de sentimentos que constrói-se invariavelmente em relação ao “outro”. Esse outro os serve de espelho refletindo nossa própria imagem que ousamos muitas vezes negar, desconhecer.


Porque temos tanto medo de ser diferentes? Será que tememos não nos reconhecer? Não nos perceber? Não nos encontrar? A verdade é que o somos. É fato. Admitir e aceitar a diferença é nos conscientizar de nossa identidade. É confirmar quem somos, o que queremos e não nos perdermos ou misturarmos no outro que sinaliza essa realidade. Identidade é uma conceituação de unicidade, é uma construção de saberes sociais, idiomáticos, simbólicos de um povo, de um grupo, de um indivíduo que se reconhece que se põe a ser visto, ser identificado.
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Identidade  

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
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Nem Sempre Sou Igual no que Digo e Escrevo  

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés —
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXIX"
Heterónimo de Fernando Pessoa

domingo, 15 de abril de 2012

ESSES POETAS, MÚSICA NA PONTA DO LÁPIS


Sempre me perguntei como a música entra em nossos ouvidos e chega às nossas mentes em maravilhosas construções de sentimentos.

Sempre me perguntei como poderíamos ouvir a música existente na vida, nas letras, nas historias.

Sempre me perguntei como ouvir a melodia das palavras e traduzir os sentimentos de forma tão maravilhosamente precisa.

Pois bem, neste instante encontro aqui no Esses Poetas a possibilidade de ouvirmos músicas extraídas com tão peculiar sensibilidade de memoráveis poetas alagoanos.

Esses Poetas traduz sensibilidade, qualidade, musicalidade, peculiar criatividade, atenção e a dedicação exclusiva do artista, que sem pressa encontrou a linguagem exata que expressa a arte contida nas palavras.

É ímpar. Poesia e música ganham ritmo e especial construção nas mãos de músicos de tal calibre.

A música vibra por entre as cordas dos violões, a cadência da percussão, a delicadeza das teclas do piano, a fluidez dos sopros...

Uma gestação longa, um trabalho apurado, minucioso, criterioso. Mácleim encontrou a medida certa, o tom adequado desse trabalho.

Trouxe parceiros com igual sensibilidade e maestria que captaram a musicalidade das palavras desses maravilhosos poetas alagoanos.

A música amplia o significado das palavras. Conta à história num outro ritmo que dá intensidade e chega à alma. Perfeito Mácleim!

Você tirou sons apenas audíveis a alguém de sensibilidade apurada como a sua. Trouxe com você músicos e intérpretes de igual condição e compreensão.

Cada poema traz uma música com sonoridade própria e vibrante. Abrem-se ouvidos, mente e coração para a grandiosidade dessa arte.

Eternizam-se os poetas e os músicos envolvidos nesse trabalho numa produção carinhosa e equilibrada.

Parafraseio Aquiles Reis que escreveu na sua coluna que o disco não se prende a estilos, flui livremente em gêneros díspares e brasileiríssimos e Mácleim captou a essência ideal para dar sonoridade a cada verso.

É isso aí Precioso amigo, o encadeamento está completo, poesia, ritmo, harmonia. Parabéns Mácleim, Juliano Gomes, Edu Morelembaum, Júnior Almeida, Fernando Melo, Wilma Araújo... e os nossos maravilhosos poetas, por nos brindarem com essa estrela de primeiríssima grandeza.

Que brilhe a estrela, iluminando nosso céu com a luz que clareia nosso coração e nossas mentes ampliando nossa sensibilidade à arte e a musicalidade. SALVE ESSES POETAS!




domingo, 20 de novembro de 2011

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Hoje se comemora o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, dia para lembramos a saga dos nossos irmãos negros em nosso País. Dia em que paramos para refletir sobre nossa história, sobre nossas raízes.

Esta data foi criada por um Projeto de Lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Data esta escolhida por ter sido o dia em que morreu Zumbi doa Palmares. Exatamente em 20 de novembro de 1695. Sua luta foi a luta dos negros contra a escravidão. Morreu em combate, defendendo seu pó, sua comunidade. Os quilombos eram um grupo de resistência ao sistema escravista e uma forma coletiva de manutenção da cultura africana no Brasil.

Não podemos negar a importância da cultura negra no Brasil; foram trazidos para fazer o trabalho braçal e escravo. Fizeram nossas lavouras e nossa economia se desenvolver, A cultura desse País se mesclou à deles. Nova cultura nasceu.

Trouxeram sua religião, seus costumes, suas comidas, seus aspectos políticos e sociais e era mais que natural que lutassem para a manutenção dessa história. Até porque não podiam voltar ao seu país de origem. Então mais do que imprescindível era estabelecer-se com sua identidade.

Porém essa identidade lhes fora negada pela escravidão. E os quilombos eram a razão da manutenção de sua história. Sua música marcante e cadenciada, cheia de sensualidade, falava de suas histórias, de seus desejos de sua poesia.

Hoje, 221 anos depois da abolição da escravatura, ainda temos conflitos raciais, e faz-se necessário incluir o negro na nossa história. Temos um País mesclado pelos diversos povos que contribuíram para a formação da nossa cultura e em especial o povo Africano que deixou seu DNA em nossa identidade nacional.

Faz-se necessário ainda lutar muito para a essa identidade social ser natural. Temos muitos exemplos de Negros bem sucedidos em nosso país; mas ainda temos uma grande quantidade de pessoas negras em situação de vulnerabilidade.

O Dia da Consciência Negra é não só para lembrar-se de Zumbi dos Palmares, é para manter viva a importância desse coletivo para nossa existência; é nos darmos conta de nossa história não é uma história qualquer, é uma história erguida pelos homens e mulheres que transformaram essa terra em suas, que deixaram para trás suas vidas e as reescreveram nessas paragens.

A cultura negra é fato na nossa história, é linda, rica, cheia de colorido, musicalidade, ritmo, sensualidade e energia. Salve Zumbi a “força do espírito presente! Esse é o significado do seu nome e realmente seu espírito está aqui, presente em nós forte, intenso. Como todo mártir, sempre se pensa que o matando, mata-se a idéia, declina-se a força. Ledo engano. Só se fortifica. Só se engrandece. Só amplia a idéia, pois seus seguidores já se contaminaram sua força já se espalhou.

Salve Zumbi! Salve a cultura negra! Salve todos nós descendentes das mulheres e homens guerreiros negros.




domingo, 31 de julho de 2011

ASSIM COMO ULISSES


Queridos alunos, queridos amigos, queridos agora... Colegas, chegou o grande momento! O momento de festejar a sofrida batalha de se graduar. De terminar um curso, concluir uma etapa, fechar uma gestalt.

Uma odisséia vivida por muitos como Ulisses em sua jornada na busca de seus significados. Muitos com certeza iniciaram ainda sem realmente ter a certeza se este era o caminho que desejariam trilhar. Mas na verdade TODOS foram buscando percorrer este caminho tentando descobrir a cada passo o que ele lhes revelava. Tinha-se a vontade de seguir, mas nada estava claro do que encontrar. O Velocino de Ouro, ainda estava por ser descoberto.

E assim como Ulisses, mesmo sendo avisados dos percalços, perigos, venturas e desventuras que poderiam encontrar, decidiram seguir em frente. Como bravos guerreiros travaram longas batalhas e descobriram também, lindas paisagens repletas de muitas flores.

Fizeram muitos amigos, descobriram muitos parceiros e até... amores. Permitiram-se desvendar um pouco dos seus mistérios e construíram seus significados. Deram-se conta que tinham que se desconstruir para se construir melhores. Deram-se conta que precisavam aguçar os sentidos para entender a linguagem advinda da dor, dos medos, das angústias suas e dos outros. Aprenderam que ouvir era condição primordial, ferramenta principal da ação de ser PSICÓLOGOS e assim entender o que estava escondido na alma das pessoas. E como diz Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“

E para ouvir teriam que calar muitas vezes pra observar, acolher, cuidar, empatizar.

Nosso papel está aí neste escutar o inaudível, parafraseando Fernando Pessoa é a experiência de algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.

Experiência!! Sim, experiência. A vivência da emoção, do sentimento, para promover a mudança. Afinal como boa adepta da fenomenologia e do existencialismo, só se muda aquilo que se experiência não é?

Aprenderam assim que experienciar era a única maneira de construírem-se psicólogos! Só percorrendo o caminho pra saber o que tinha nele e o que fazer com ele. E como diz Skank, o caminho só existe quando você passa!

E cá estão todos, finalizando essa etapa. Alguns desde o início sempre juntos; outros se juntaram ao longo do caminho e fortaleceram os laços e se tornaram parceiros, companheiros de viagem.

Estou feliz!! Muito Feliz por ter contribuído para a experiência desse caminho. Estou feliz por ter sido companheira dessa viagem. Porém, ela não termina aqui. Ao contrário iniciamos um novo percurso e os laços feitos nesse caminho continuarão apertados. Continuaremos companheiros de viagem tenham certeza! Aprendendo, construindo desvelando o outro.

É pra isso que estamos aqui. Pelo outro. Agora nos munimos dos instrumentos aprendidos e os disponibilizamos para o outro. Cá estamos nós, olhos, ouvidos, pele, coração... atentos. Olhos pra ver atentamente o caminho a seguir, os obstáculos a transpor, o mapa a ler.

Ouvidos para escutar sons inaudíveis, muitas vezes incompreensíveis, difusos, com a sutileza de um radar.

Pele para perceber diferentes texturas e formas, para captar sensações diversas e traduzí-las com certa precisão e carinho.

Coração para acolher de peito aberto com amorosidade às dores, angústias, medos, manifestações diversas dos incautos viajantes.

Cá estamos nós companheiros de viagem, co-pilotos de um veículo chamado: outro. Convidados a guiar viajantes que por inúmeras razões perderam seus mapas e ou desmagnetizaram suas bússolas.

Cá estamos nós pessoas guiando outras pessoas. Favorecendo a elas escuta, estímulo, motivações, compreensão, norte, acolhimento...

Cá estamos nós, seres comuns, mas loucos o suficiente para aceitar o outro na sua loucura, que é só sua forma diferente de viver a vida.

Cá estamos nós loucos em potencial, únicos capazes de mergulhar no inferno do outro pra trazê-lo de volta da forma que for possível o outro agüentar.

Cá estamos nós sujeitos incontestes deste universo humano.

Cá estamos nós Psicólogos! Nem sempre certos, nem sempre sabedores de tudo, mas verdadeiramente disponíveis e prontos pra encarar o desafio de ir até onde o outro estiver e com seus instrumentos construir juntos um novo caminho pra seguir.

Sejam bem vindos a este ponto de chegada e também de partida. Usem tudo o que viveram, tudo o que experienciaram da melhor maneira que puderem. Quando sentirem dificuldade estaremos aqui nós, seus companheiros de viagem pra nos apoiar e lembrar que “NÃO IMPORTA O QUE FIZERAM DE NÓS MAS O QUE FAZEMOS DO QUE FIZERAM DE NÓS” Como sabiamente disse SÁRTRE.

Discurso proferido na formatura da Turma “A AÇÃO DA PSICOLOGIA EVOLUINDO O SER” - Em 29/07/2011



domingo, 1 de maio de 2011

REFLETINDO SOBRE DIREITOS HUMANOS


Há mais de 50 anos fora criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um instrumento legal e muito significativo para barrar e punir os responsáveis pelos crimes praticados contra a humanidade.

No seu preâmbulo mostra os objetivos que pretendia atingir. Nesse documento encontra-se claro o compromisso com a liberdade da pessoa, o respeito à sua dignidade, a igualdade de direitos e a defesa da justiça e da paz mundial.

Esse documento aprovado em 10/12/1948, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, foi um grande divisor de águas criando referências plausíveis para o trato da violência.

Mas o que está sendo feito vivido dele? O quanto está sendo praticado? O que conhecemos na realidade de sua utilização pelos povos?

Às vezes acho que criamos leis, documentos, que deveriam servir de proteção e guia de conduta, pra nos escondermos atrás e ocultar nossa real hipocrisia e sordidez.

A Segunda Guerra Mundial terminou, mas ela assumiu outra face, na expressão do tráfico de drogas, de pessoas, da violência urbana, os acidentes de trânsito. Os campos de concentração foram extintos, mas migraram para a violência cotidiana e tão impiedosa quanto às câmaras de gás que exterminaram tantos seres humanos.

O tráfico de drogas e os acidentes de trânsito matam mais gente que as guerras civis de muitos países.

A guerra que era algo direcionado, com lugar específico para acontecer e alvos definidos, passa a acontecer na sutileza das relações familiares, nas festas que deveriam confraternizar e alegrar e com pessoas que deveriam ser amigas, parceiras e/ou deveriam proteger aos demais.

O sentimento de ódio era dirigido hoje, generalizado. Todos passam a ser alvos diretos e devem ficar sempre à espreita, numa atitude desconfiada e temerosa de que o outro é nosso inimigo em potencial e pode se tornar a qualquer momento um enorme ameaça.

Falamos em Direitos Humanos, mas, não conseguimos garanti-los. Temos show de impunidade declarada, uma violação explícita de todas as regras e uma sociedade cujas bases morais não estão bem definidas contribuindo para a repetição dos erros que condenamos.

Acumulamos problemas anulando os direitos da pessoa, ampliando vítimas em todas as esferas humanas. Desferimos alvos contra mulheres, homossexuais, índios, crianças, negros.

Carecemos do exercício ampliado da solidariedade, da tolerância. Precisamos exercitar a ética, o Ethos do Cuidar. Uma ética ampliada a toda a condição humana. Chamo nesse momento a todos e, sobretudo aos PROFISSIONAIS DA PSICOLOGIA, para a mobilização de uma reflexão, praticas do ESTADO, para criação e fidelização de POLÍTICAS PÚBLICAS que realmente contemplem no seu bojo o respeito e ações concretas da cidadania.

Chega de legitimar o sofrimento, pois isso é uma completa e intolerável violação ao humano, à convivência social e à sociedade em sua totalidade. Faz-se necessário reconhecer o outro como SER de razão, de sentimentos e de liberdade. “O compromisso dos governantes, da sociedade e dos profissionais com o fortalecimento do respeito com os Direitos Humanos, deve ultrapassar as ações caritativas ou filantrópicas e atingir os valores, o compromisso filosófico e a ética, voltados para a emancipação, para a cidadania e para a inclusão social.” (PASSOS, 2007).

Ainda estamos longe dessa universalização de direitos, desse exercício pleno da ética. Infelizmente parece que a situação se agrava a cada momento e foge totalmente ao controle. Mas, se pararmos de refletir, analisar e tentar, será o mesmo que assinar nossa sentença de morte. E eu prefiro continuar tentando! Vamos lá?



DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS

Versão Popular de Frei Betto

Todos nascemos livres e somos iguais em dignidade e direitos.

Todos temos direitos à vida, à liberdade e à segurança pessoal e social.

Todos temos direito de resguardar a casa, a família e a honra.

Todos temos direito ao trabalho digno e bem remunerado.

Todos temos direito ao descanso, ao lazer e às férias.

Todos temos à saúde e assistência médica e hospitalar.

Todos temos direito à instrução, à escola, à arte e à cultura.

Todos temos direito ao amparo social na infância e na velhice.

Todos temos direito à organização popular, sindical e política.

Todos temos direito de eleger e ser eleito às funções de governo.

Todos temos direito à informação verdadeira e correta.

Todos temos direito de ir e vir, mudar de cidade, de Estado ou país.

Todos temos direito de não sofrer nenhum tipo de discriminação.

Ninguém pode ser torturado ou linchado. Todos somos iguais perante a lei.

Ninguém pode ser arbitrariamente preso ou privado do direito de defesa.

Toda pessoa é inocente até que a justiça, baseada na lei, prove a contrário.

Todos temos liberdade de pensar, de nos manifestar, de nos reunir e de crer.

Todos temos direito ao amor e aos frutos do amor.

Todos temos o dever de respeitar e proteger os direitos da comunidade.

Todos temos o dever de lutar pela conquista e ampliação destes direitos.

domingo, 23 de janeiro de 2011

POR UMA ÉTICA DO CUIDAR


Outro dia escrevi sobre as mudanças e muitas questões permeiam minha cabeça desde então e como sempre cada questão se amplia em proporções geométricas em outras novas questões.

Venho observando os acontecimentos e a que mudanças somos convidados a fazer. Atualmente o clima se encontra desordenado e produz desastres naturais capazes de desorganizar e devastar muitas vidas. O clima muda porque nós criamos condições para isso.

Alteramos bruscamente o funcionamento de toda uma estrutura ambiental. Abrimos buracos na camada de ozônio, por aumentar a produção de gases tóxicos; arrancamos árvores, das nossas florestas, alterando assim todo um conjunto de ecossistemas; produzimos lixo em quantidade que não conseguimos processar; modificamos geneticamente espécies para ver na maioria das vezes no que vai dar; trabalhamos alucinadamente para produzir mais estresse e menos qualidade de via; embora falemos dela todo o tempo.

Comemos mais rápido do que nosso organismo pode processar; Criamos guerra biológica pra servir a interesses particulares e totalmente egoístas; Aumentamos o medo uns dos outros e vivemos mais solitários e deprimidos.

Inchamos as cidades e nos tornamos demasiadamente violentos, desconhecendo cada vez mais nossa espécie; continuamos a produzir “guerras santas”, matando em nome de Deus. O mesmo Deus que sabemos ser misericordioso compassivo. Mas usamos seu nome pra tirar nossa responsabilidade e ter a quem culpar.

Isso e muito mais chamamos de atitude humana. Isso e muito mais caracterizamos como desenvolvimento humano.

Não é possível fazer vistas grossas a essas questões e nos mantermos a margem do processo. Não é possível viver fechando os olhos para questões que nos convidam a repensar todo o tempo nossas atitudes e nos propor uma trégua.

Não é possível que sejamos tão cruéis que não ponhamos freio em nossa atitude animalesca. Não é possível que nossa atitude ética não seja restaurada. Sim ética. Ética do cuidar, ética do preservar, ética do olhar com carinho e respeito a todos, ética de aprender a conviver com as diferenças, ética de entender que não podemos obrigar nada nem ninguém a ser totalmente iguais.

Ética de enxergar além do que se apresenta ética de assumir postura e atitude misericordiosa e compassiva desse Deus que insistimos em manter vivo na nossa mente e nos nossos corações. Ética de não deixar só nas mãos dele essa responsabilidade, mas assumir a parte que nos cabe. Ética de não ser mais indiferente à miséria humana e sim prorcionar acolhimento e melhoria de suas mazelas.

Peço a Deus e aos homens, que a dor, a guerra, não nos seja indiferentes, que não fechemos mais os olhos nem o coração às atrocidades que estamos vivendo. Que sejamos sim, melhores e que sobressaiam mais nossas ações humanitárias e que nós seres humanos entendamos que o amor é um caminho possível de ser trilhado.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

TODO CAMBIA... TUDO MUDA...


Tudo muda sempre. Estamos de um jeito hoje e logo em seguida de outro. A mudança é constante e necessária bem como inevitável. Muitas vezes é sutil e não percebemos. Outras vezes quem está a nossa volta enxerga primeiro e nos anuncia.

O fato é que somos seres mutantes. Temos prazo de validade vencido em tudo, nascemos assim. Nas etapas da vida, nas circunstâncias, nos eventos, no tempo, nas atitudes, no corpo, nos relacionamentos.

Cremos piamente que tudo dura para sempre. Aprendemos assim. Mas não é verdade. Não nascemos pra durar. Nascemos pra ter um fim. Pra terminar um dia. Mas teimamos em acreditar que somos eternos. Então sofremos. Criamos vínculos fortes e lutamos para eles não terminarem. Agarramos-nos a tudo e negamos sua finitude. Nossos relacionamentos são feitos, criados para permanecer. Nossa cultura impõe essa crença. Fazemos laços, mas não aprendemos a desfazê-los. Prendemos as pessoas, as coisas, conosco, como se fossem objetos particulares ou apêndices. Fazemos sofrer e sofremos junto.

Precisamos nos dar conta do que chamamos na filosofia budista: IMPERMANÊNCIA. Sim, tudo é impermanente e devemos nos ater às coisas e pessoas como passageiras e deixá-las ir quando for seu tempo. Se nos apegamos, sofremos. Devemos estar atentos ao movimento, à migração dos elementos que constroem as relações, eles são móveis. Mudam porque mudamos. Porque a roda gira. Nada fica do mesmo jeito nunca. Só não admitimos.

E novamente mudamos o ano, e propomos mudanças que não sustentamos pelo fato de não aceitar a necessidade real delas. O que vai ser? Até quando iremos nos comportar assim? È preciso encarar. Reconsiderar que o novo “sempre vem” como diz Belchior. Mudar é preciso pra manter o ciclo de desenvolvimento. E quando falo em mudar, falo em concretude. Ser mais humanos, mais amorosos, mas tolerantes, mais amigos, mais solidários, mais atentos, mais alegres, mais conscienciosos. Enfim...

Vamos lá! Nós podemos. Afinal, como dizem os orientais a única coisa permanente é a mudança! E fato é fato! Todo cambia...