domingo, 1 de maio de 2011

REFLETINDO SOBRE DIREITOS HUMANOS


Há mais de 50 anos fora criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um instrumento legal e muito significativo para barrar e punir os responsáveis pelos crimes praticados contra a humanidade.

No seu preâmbulo mostra os objetivos que pretendia atingir. Nesse documento encontra-se claro o compromisso com a liberdade da pessoa, o respeito à sua dignidade, a igualdade de direitos e a defesa da justiça e da paz mundial.

Esse documento aprovado em 10/12/1948, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, foi um grande divisor de águas criando referências plausíveis para o trato da violência.

Mas o que está sendo feito vivido dele? O quanto está sendo praticado? O que conhecemos na realidade de sua utilização pelos povos?

Às vezes acho que criamos leis, documentos, que deveriam servir de proteção e guia de conduta, pra nos escondermos atrás e ocultar nossa real hipocrisia e sordidez.

A Segunda Guerra Mundial terminou, mas ela assumiu outra face, na expressão do tráfico de drogas, de pessoas, da violência urbana, os acidentes de trânsito. Os campos de concentração foram extintos, mas migraram para a violência cotidiana e tão impiedosa quanto às câmaras de gás que exterminaram tantos seres humanos.

O tráfico de drogas e os acidentes de trânsito matam mais gente que as guerras civis de muitos países.

A guerra que era algo direcionado, com lugar específico para acontecer e alvos definidos, passa a acontecer na sutileza das relações familiares, nas festas que deveriam confraternizar e alegrar e com pessoas que deveriam ser amigas, parceiras e/ou deveriam proteger aos demais.

O sentimento de ódio era dirigido hoje, generalizado. Todos passam a ser alvos diretos e devem ficar sempre à espreita, numa atitude desconfiada e temerosa de que o outro é nosso inimigo em potencial e pode se tornar a qualquer momento um enorme ameaça.

Falamos em Direitos Humanos, mas, não conseguimos garanti-los. Temos show de impunidade declarada, uma violação explícita de todas as regras e uma sociedade cujas bases morais não estão bem definidas contribuindo para a repetição dos erros que condenamos.

Acumulamos problemas anulando os direitos da pessoa, ampliando vítimas em todas as esferas humanas. Desferimos alvos contra mulheres, homossexuais, índios, crianças, negros.

Carecemos do exercício ampliado da solidariedade, da tolerância. Precisamos exercitar a ética, o Ethos do Cuidar. Uma ética ampliada a toda a condição humana. Chamo nesse momento a todos e, sobretudo aos PROFISSIONAIS DA PSICOLOGIA, para a mobilização de uma reflexão, praticas do ESTADO, para criação e fidelização de POLÍTICAS PÚBLICAS que realmente contemplem no seu bojo o respeito e ações concretas da cidadania.

Chega de legitimar o sofrimento, pois isso é uma completa e intolerável violação ao humano, à convivência social e à sociedade em sua totalidade. Faz-se necessário reconhecer o outro como SER de razão, de sentimentos e de liberdade. “O compromisso dos governantes, da sociedade e dos profissionais com o fortalecimento do respeito com os Direitos Humanos, deve ultrapassar as ações caritativas ou filantrópicas e atingir os valores, o compromisso filosófico e a ética, voltados para a emancipação, para a cidadania e para a inclusão social.” (PASSOS, 2007).

Ainda estamos longe dessa universalização de direitos, desse exercício pleno da ética. Infelizmente parece que a situação se agrava a cada momento e foge totalmente ao controle. Mas, se pararmos de refletir, analisar e tentar, será o mesmo que assinar nossa sentença de morte. E eu prefiro continuar tentando! Vamos lá?



DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS

Versão Popular de Frei Betto

Todos nascemos livres e somos iguais em dignidade e direitos.

Todos temos direitos à vida, à liberdade e à segurança pessoal e social.

Todos temos direito de resguardar a casa, a família e a honra.

Todos temos direito ao trabalho digno e bem remunerado.

Todos temos direito ao descanso, ao lazer e às férias.

Todos temos à saúde e assistência médica e hospitalar.

Todos temos direito à instrução, à escola, à arte e à cultura.

Todos temos direito ao amparo social na infância e na velhice.

Todos temos direito à organização popular, sindical e política.

Todos temos direito de eleger e ser eleito às funções de governo.

Todos temos direito à informação verdadeira e correta.

Todos temos direito de ir e vir, mudar de cidade, de Estado ou país.

Todos temos direito de não sofrer nenhum tipo de discriminação.

Ninguém pode ser torturado ou linchado. Todos somos iguais perante a lei.

Ninguém pode ser arbitrariamente preso ou privado do direito de defesa.

Toda pessoa é inocente até que a justiça, baseada na lei, prove a contrário.

Todos temos liberdade de pensar, de nos manifestar, de nos reunir e de crer.

Todos temos direito ao amor e aos frutos do amor.

Todos temos o dever de respeitar e proteger os direitos da comunidade.

Todos temos o dever de lutar pela conquista e ampliação destes direitos.