quinta-feira, 16 de setembro de 2010

QUEM SOMOS NÓS...


Ao contrário do filme, que trata de buscar explicar o que e quem somos à luz da física, da biologia, não quero explicar nada, nem provar nada. Apenas provocar uma reflexão, ou talvez apenas devanear.

Quem somos nós? penso que somos frutos, resultados, somatórios de diversas coisas que vão muito além do biológico. Peguemos como referência a história. Os eventos históricos que margeiam nossa existência.

Olhemo-nos a partir da nossa concepção; houve amor? houve paixão? houve medo? houve angústia? houve dor? houve raiva? houve alegria? houve rejeição? houve aceitação?...

Olhemo-nos sob ponto de vista social; Que momento se nos apresenta quando nascemos? houveram lutas? houveram conflitos armados? houveram revoluções? houve uma política acirrada? Houveram embates familiares? houve socialização?...

Olhemo-nos do ponto de vista cultural. Que momento se nos apresenta ao nascermos? houve aparecimento de novas ideias? houve manutenção de paradigmas? houve música no ar? houveram encontros culturais? houve nascimento ou auge de algum gênero musical? houve surgimento de alguma moda?

Olhemo-nos assim, recebendo influência de diversos cenários, de diversos contextos, que querendo ou não ajudam a montar nossa personaidade. Nossa performance humana se delineia em face desses contextos também.

Quem somos se delineia a partir de eventos sociais também. Estes nos causam impressões pisíquicas tão fortes que se observarmos de pertinho, podem explicar muitas das nossas atitudes, gostos, preferências.

Quem somos nos, nos torna claro que tem muito mais que o abordado aqui. Daria uma bela tese de mestrado ou doutorado porque levantaria tantas hipóteses que nos deixaria atônitos. Mas o fato é que poderíamos até responder porque gostamos de certo estilo musical, de certo gênero literário, de certo movimento político, de certo tipo de teatro...

Talvez esteja totalmente errada, talvez esteja falando uma enorme besteira. Mas, não tenho aqui a intenção de estar certa. Longe de mim tal ousadia; é só uma provocação; um devaneio, uma conversa antes tida com meus botões e hoje indo para além deles de quem penso que sou...

___________________________________________

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."


_________________________________________

Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo...um canto de paisagem
Ou apenas cenário! Um vaivém

Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou?Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...

Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro...
Uma chaga sangrenta do Senhor...

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador...