quarta-feira, 21 de julho de 2010

PSICÓLOGOS EM AÇÃO HUMANITÁRIA – CRP15/ALAGOAS


E lá se foram as casas, as vidas e as referências de muitas pessoas. O que ficou? O que restou? O que sobrou? Ficou a dor da perda, o vazio profundo, o rasgo na dignidade. Restou o desespero, o sentimento de menos valia, de solidão, a angústia no peito. Sobraram lembranças boas e ruins, a solidariedade dos amigos, dos vizinhos, dos desconhecidos; sobraram esperanças, confiança, fé.

Passada a tempestade, e contabilizada as perdas, se volta pra reconstrução. E esta será de duas formas especificamente: de dentro pra fora pela elaboração da auto-estima, do luto vivido, das perdas sofridas e transformadas em potencial superação; e de fora pra dentro pela reconstrução das casas perdidas, dos referenciais físicos, dos marcos residenciais e comerciais.

Este segundo, depende muito do poder público. Da sensibilidade dos governantes, o que se espera existir e não se aproveitar da desgraça alheia pra lucrar com isso. Depende muito da boa vontade dos dirigentes e sabemos que alguns agirão com hombridade, outros manterão atitude vil e desdenhosa da dor alheia e se valerão disso para benefício próprio apenas. É pena não?

Do primeiro e do qual desejo falar mais amplamente, depende da ação de seres com sentidos abertos pra uma escuta qualificada. Dependerão estas pessoas de profissionais que não se intimidem diante da dor psíquica proveniente da catástrofe e consiga enxergar o ser humano despedaçado ali existente. Estamos falando de saúde mental. E quem melhor pra fazer isso senão o Psicólogo? Exatamente! O Psicólogo!

E o melhor disso, os profissionais com essas características estão em marcha na direção deste alvo. Os profissionais envolvidos com essas gentes deixam suas zonas de conforto, suas salas equipadas, seus ambientes bem organizados, seu espaço conhecido e previamente estruturado, pra ir ao encontro desses humanos despedaçados.

Unindo técnica, teoria, vontade, compaixão, senso de responsabilidade, sentidos aguçados, formam parcerias entre entidades pra desenvolver talvez a maior ajuda humanitária que uma categoria profissional já se propôs.

O Estado de Alagoas vê neste momento uma mobilização maciça dos profissionais de psicologia em ação voluntária às vítimas das enchentes. Mobilizados pelo CRP 15 (psicólogos), em parceria com Médicos Sem Fronteiras (orientação, capacitação), Secretaria de Saúde (logística), vão a campo, fazer o que sabem bem, dar suporte emocional às vítimas.

Dizia-se recentemente que as vítimas necessitavam de atendimento psicológico em razão do trauma vivido. Que havia um aumento de estresse, pânico, transtorno mental. Ora bem sabemos dessa situação. Mas não podíamos nos aventurar a nada sem uma devida estruturação. Sem uma preparação mínima que nos permitisse ir lá e fazer direito. Ao tempo em que se cobrava ação destes profissionais não sabendo então, que já havia mobilização organizada, estruturada para este fazer.

Pois então cá estamos nós, nos juntado aos que já se encontram no campo, formando um grupo coeso e pronto pra integrar às equipes multidisciplinares e fechar o circulo de ação deste processo.

Senhores, Os psicólogos de Alagoas não estão alheios, nem de braços cruzados. Ao contrário, estão prontos e indo ao campo, pois o momento é agora, quando a água baixou, o juízo esfriou, a fome foi suprida e a mente pode se abrir pra receber atenção, orientação e se é possível processar a dor.




domingo, 11 de julho de 2010

UMA QUESTÃO DE ATITUDE





Vivemos todo o tempo desenvolvendo reações, posições, movimentos acerca das coisas que pesam e demonstram a todos como somos o que pensamos acerca das coisas que nos cercam.

Nossa maneira de ser é nosso cartão de visita. É ela que nos mostra aos outros e define se somos aceitos ou rechaçados. Se temos um lugar ou se não temos nada. Se conquistamos ou se fazemos de conta. Nossas atitudes são nossos termômetros. Alguns percebem quando estouraram a linha limite, mas outros precisam ser lembrados disso.

Atitudes são procedimentos, comportamentos construídos ao longo de nossa existência. Um conjunto de posicionamentos não muito fáceis de fazer. Às vezes nos perdemos pelo caminho, quando nos deixamos levar pela impulsividade, pela beleza exagerada do efêmero, do fulgáz.

Atitudes enfatizam nossa individualidade, definindo nosso modo de estar com os outros e de encarar as coisas da vida. Elas vêm cobertas de responsabilidade, e têm o poder de modificar completamente a vida das pessoas. Elas ditam regras, caracterizam sujeitos e possibilitam relacionamentos.

Por isso precisamos ter cuidado com elas. Podemos afetar de forma danosa a vida de alguém se não formos perspicaz ou atencioso. Como diz um grande amigo, precisamos evitar deixar rastro na vida. Precisamos passar construindo e jamais destruindo. E se o fizermos, devemos voltar e consertar rapidamente.

Algumas atitudes merecem destaque nesta reflexão: Paciência, requer atenção, observação, cama, cuidado, simplicidade de propósito; Curiosidade, é o ato de investigar, pesquisar buscar, aprender sempre; Planejamento, é a arte de programar as coisas, focalizar as energias em direção a um objetivo; Sabedoria, é uma habilidade é o saber, o conhecimento pra agir pautado na observação e no entendimento profundo das coisas; Transparência, é a arte da clareza, do exercício da verdade sempre; Coragem, é o ato de ousadia, resolução, firmeza de propósito, bravura, firmeza; Astúcia, é a arte de ser sagaz, da finura, da manha; Espírito de Equipe, é a atitude bem difícil de ter, exige da pessoa sentido de coletividade, de cooperação, de pensar no outro e de estar atento ao bem estar do outro além do seu; Diversão, atitude de relaxar de manter o lúdico vivo.

Nada fácil não? Estas atitudes sugerem a nós reflexão de como estamos passando pela vida. Requer vigilância constante. Propósito de manter os sentidos bem ligados ao mesmo tempo de se manter relaxado. Tem mais coisa a ser pontuada. Mas pra começar está de bom tamanho não? Mais detalhes: “A sabedoria dos Lobos” de Twyman L. Towery.


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Atitude

Minha esperança perdeu seu nome...
Fechei meu sonho, para chamá-la.
A tristeza transfigurou-me
como o luar que entra numa sala.

O último passo do destino
parará sem forma funesta,
e a noite oscilará como um dourado sino
derramando flores de festa.

Meus olhos estarão sobre espelhos, pensando
nos caminhos que existem dentro das coisas transparentes.
E um campo de estrelas irá brotando
atrás das lembranças ardentes.

Cecília Meireles, in 'Viagem'

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Atitude

Estou atenta a você que me encara, me olha de ângulos diferentes,

Estou atenta a você que me mede de cima a baixo

Estou atenta a você que me redescobre a cada movimento

Estou atenta a você que não perde um lance de minhas ações

Estou atenta a você que me copia instantâneamente

Estou atenta a você que faz de minha postura, verdades puras

Estou atenta a você que não perdoa se eu falhar com você

Estou atenta a simplesmente me toma como exemplo e me segue plenamente.

Atitude, ato, ação, movimento...

Atitude proposta de ser então, suspeita...


Sílvia Teixeira de Lima


sexta-feira, 9 de julho de 2010

PRECISAMOS DE MAIS TOLERÂNCIA


Vivemos tempos difíceis. Tempos em que se tornam mais complicados sermos gentis, calmos, delicados, amigos, parceiros... Irritamos-nos com facilidade e vivemos à flor da pele. Parece que todos os dias são “Dias e Fúria”. Cultivamos estresses de todas as formas.

Irritamos-nos pelo calor excessivo; pelo trânsito louco; pela falta de dinheiro; pelo descaso das autoridades; pela expansão das drogas; pelo salário parco; por não conseguir pagar as dívidas; por temos religião diferente; por não sermos perfeitos; por não sermos amados...

Estamos em momento delicado. Tudo e todos andam muito melindrados, nada pode ser dito que as pessoas se ouriçam e já partem pra briga. Andamos sem paciência, não esperamos pelas coisas, tudo tem que ser muito rápido, pra ontem. Temos muita pressa pra realizar as nossas tarefas, achamos que todos devem ter o mesmo ritmo e o mesmo tempo de ação. Chegamos a ser cruéis.

Muitas vezes olhamos pro outro já perguntando de forma ríspida o que quer o que está olhando... Raras às vezes dizemos, bom dia, como vai? Precisa de alguma coisa? Posso fazer algo por você? Andamos muito mecânicos e imediatistas. Não esperamos o tempo das coisas, aceitamos menos as diferenças, modos de pensar e agir.

Desenvolvemos ódio pelo que é diferente de nós, ou pelo que não conhecemos. Abominamos e incitamos outros a desenvolver atitudes inóspitas discrepantes criando um ambiente de difícil convivência. Falamos de limites. Que podem ser fixos ou móveis de acordo com a situação, de acordo com ordem social. Falamos de respeito às diferenças, à individualidade. A palavra tolerância provém do latim tolerantia, que por sua vez procede de tolero, e significa suportar um peso ou a constância em suportar algo.

A paciência que faz com que desenvolvamos amor, bom humor, pra lidar com as coisas ruins ou desagradáveis. É uma virtude que temos grande dificuldade em praticar. Ela esta atrelada à compreensão, que é o ato de entender a natureza das coisas. Requer exercício diário, perseverança, diligência, responsabilidade, consciência, respeito... Isto é, um conjunto de fatores que devem ser construídos e exercitados diariamente. E nós geralmente não temos este trabalho.

Precisamos cuidar em repensar nossa atuação como o outro, com nossa vida, com nossas ações... Precisamos ser mais pacientes, menos estressados, precisamos não levar mais as coisas ao pé da letra, avaliar, selecionar, digerir e ponderar mais pra sermos mais felizes.